Quando compramos calçado, para muitos de nós, a primeira coisa em que pensamos é em como ficará esteticamente. Verdade? É natural, todos gostamos de cuidar da nossa aparência e isso faz-nos sentir bem!
Mas existem situações, como com o calçado de segurança, em que a escolha não deve ser assim tão simples. Devemos ter alguns fatores em consideração!
Existem diversos códigos e abreviaturas que indicam o nível de segurança que o calçado nos pode proporcionar, e desta forma ajudar-nos a fazer uma compra mais consciente.
1. NORMAS - Classificação
Todos os EPI devem ostentar a marcação CE, conforme abordámos já neste artigo.
Para além disso, todo o calçado deve ser fabricado e certificado de acordo com normas. Estas especificam requisitos básicos e adicionais para o calçado.
Uma forma de confirmar se o produto em questão está de acordo com estas normas, poderá ser através das suas fichas técnicas ou descrição do produto.
Então, existem 2 normas principais:
EN ISO 20345:2011 - calçado de segurança para usos gerais
EN ISO 20347:2012 - calçado de trabalho para uso ocupacional
E ambas dividem o calçado em 2 grupos.
inclui todo o calçado, excluindo o que possui gáspeas de borracha ou em materiais poliméricos.
inclui apenas calçado feito em borracha ou em materiais poliméricos.
Apresentamos-lhe abaixo um esquema para ajudar a compreender:
Agora que já compreendemos como funcionam os grupos,
vamos entender os diferentes códigos que podemos encontrar dentro de cada norma, e o que realmente significam!
1.1 Norma EN ISO 20345:2011
Embora pareça complicada, esta norma é na verdade muito simples:
Especifica os requisitos básicos (obrigatórios) e adicionais (facultativos) do calçado de segurança.
Todo o calçado pertencente a esta norma, inclui:
resistência da biqueira a impactos de 200 joules (a quantidade de energia que a região do dedo do pé pode absorver antes de quebrar);
solas antiderrapantes em pisos industriais lisos e gordurosos;
Esta norma divide então o calçado em várias categorias (SB; S1; S1P; S2; S3; S4; S5), que podem pertencer ao grupo 1 ou 2 (consoante o material de que são constituídos), e cada categoria possui requisitos específicos de proteção.
São então as seguintes categorias que podemos encontrar nesta norma:
1.2. Norma EN ISO 20347:2012
Esta norma refere-se aos requisitos para calçado ocupacional, que não expõe o utilizador a nenhum risco mecânico, como impactos ou compressões.
São as seguintes categorias que podemos encontrar nesta norma do calçado ocupacional:
ABREVIATURAS
Agora que já conhecemos as categorias, vamos perceber que muitas delas incluem abreviaturas, que são nada mais nada menos, do que características.
Por exemplo, há calçados antiestáticos (A), calçado de segurança ESD (dissipador de cargas eletrostáticas), botas resistentes ao corte e calçado que é especificamente projetado para proteger as partes particularmente delicadas do pé como o metatarso (M), entre muitos outros! E cada categoria tem por norma abreviaturas específicas que deve incluir.
Então, para além da categoria a que pertencem, podemos ainda encontrar uma abreviatura adicionada.
ESD vs A
O calçado marcado com ESD distingue-se do calçado de segurança normal que possui apenas a marcação de propriedades antiestáticas (A), porque descarrega constantemente a eletricidade estática acumulada pelo corpo humano no solo.
O calçado ESD distingue-se graças a um selo amarelo específico e é necessário para:
• Trabalhos com microchips
• Produção de peças elétricas sensíveis
• Em trabalhos de pintura
• Em laboratório
• Na área médica
• Ao trabalhar em contacto com líquidos e gases inflamáveis
CÓDIGOS DE SOLAS COM CARACTERÍSTICAS ANTIDERRAPANTES
Em muitos locais de trabalho, os sapatos com características antiderrapantes são cruciais, como estaleiros de construção, hospitais, fábricas de produtos alimentares, entre muitos outros.
E sabemos que uma grande percentagem dos acidentes de trabalho, são causados por escorregamentos e quedas!
Como tal, existem padrões adicionais que o calçado com propriedades antiderrapantes deve cumprir.
São classificados e representados por abreviaturas, adicionadas à classificação inicial.
São apenas três, os códigos usados para testes de resistência ao deslizamento:
Damos-lhe agora 2 exemplos de calçados.
Exemplo 1:
Esta bota ArticPro S3
pertence à EN ISO 20345:2011 S3+SRC
O que significa?
Que é classificado como um calçado de segurança, e recordando a tabela acima sobre a norma ISO 20345:2011, e a tabela sobre o calçado antiderapante, percebemos que estas são as características que esta bota possui:
Concluímos que esta bota é adequada a trabalhos em construção pesada, trabalhos de demolição e qualquer ocupação que requer movimento através de detritos perigosos ou no terreno, e que além disso tem o maior nível de segurança em testes de deslizamento!
Consulte aqui mais calçado de segurança SRC.
Exemplo 2:
Este Sapato Executive Wing-Tip III
pertence à EN ISO 20347:2012 OB+SRC
O que significa?
Que é classificado como um calçado de trabalho para uso ocupacional, e recordando a tabela acima sobre a norma ISO 20347:2012, e a tabela sobre o calçado antiderrapante, percebemos que estas são as características que este sapato possui:
Concluímos que este sapato é para trabalhos ocupacionais que não exijam muitos requisitos, contudo é antiderrapante, com ênfase de ter sido testado em ambos os testes de deslizamento, ou seja, possui o seu nível mais seguro!
Consulte aqui mais calçado ocupacional SRC.
Por fim, deixamos-lhe 5 dicas!
Sobre o seu calçado de segurança ou para trabalho ocupacional
5 DICAS
1. Saiba que nível de proteção necessita
O calçado de segurança, em geral, é produzido com o objetivo principal de proteger os dedos e a base dos pés - a proteção dos dedos é uma exigência mínima em muitas indústrias. No entanto, na sua atividade em específico, pode necessitar de mais requisitos. Por exemplo:
Local de construção/demolição: Seria imprudente ao comprar um produto de segurança que não tenha uma sola média para proteger contra a penetração de objetos perfurantes sob os pés.
Posto de combustível ou em qualquer local de trabalho em que exista um elevado risco de inflamabilidade: deve comprar botas com propriedades antiestáticas e/ou de resistência elétrica.
Maioritariamente trabalho de escritório com apenas algumas idas ocasionais à fabricação ou armazém cujo ambiente não é afetado por qualquer tipo de líquido: Não será necessário recorrer a botas impermeáveis S5. Por outro lado, seria imprudente obter apenas o básico SB, pois pode ter de se deslocar a alguns locais com pregos velhos enferrujados ou alguns locais mais escorregadios.
Tome o seu tempo para considerar todos os perigos com que poderá deparar-se numa base geral, com os eventuais requisitos necessários, e faça a sua escolha de forma consciente.
2. Não comprometa o seu conforto
Certifique-se de que suas novas botas se ajustam confortavelmente
A verdade é que a maioria de nós usará este calçado 8 horas seguidas, 5 dias por semana. Portanto é sempre prudente verificarmos se não existem defeitos no produto.
Certifique-se de que eles se encaixam bem à largura do seu pé - nem demasiado largos, nem demasiado estreitos.
Tenha em atenção às políticas de devolução quando faz a sua compra on-line, de forma a saber quanto tempo tem se pretender devolver o seu produto.
3. Cuidados Posteriores
Se o seu calçado ficou molhado, deixe-o secar à temperatura ambiente sem exposição solar. Não seque com um secador ou aquecedor pois isso pode acelerar a degradação do material.
Se o seu calçado tem atacadores, certifique-se de os amarrar e desamarrar corretamente, e tenha sempre um par de atacadores extra, no caso de surgir um imprevisto.
Se as suas botas ficaram enlameadas, certifique-se de limpá-las com uma escova adequada.
Nenhum par de botas durará para sempre, mas com estes cuidados poderemos aumentar a longevidade do produto sem comprometer a segurança.
4. Compre sempre novo
Se alguma vez considerou comprar em segunda mão, aconselhamos a que não o faça!
A verdade é que não teremos ideia da idade do produto e da quantidade de vezes e intensidade com que foi usado, e por isso o quanto a sua garantia de segurança poderá estar comprometida.
5. O preço não significa necessariamente mais seguro
Nem sempre devemos assumir que um preço mais elevado corresponde a melhores níveis de proteção. Por exemplo, pode existir um calçado com um preço mais elevado, mas no entanto este preço elevado dever-se a um nome de marca ou o design específico.
Referências Bibliográficas
Ppe-Work-Solutions
Windsors
Dikamar
Green Shield Safety
Payperwear
M&M Protek
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